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Heranças

     O templo não era grande coisa, praticamente no ar livre cheio de estátuas rochosas arredor de uma mesa de pedra, Rayh só identificou o lugar pelo estandarte na escadaria que se dizia: Tula Xicocottlan. O centro de sacrifício parecia mais um campo de futebol imensamente impressionante, havia alguns Astecas sacrificando animais vivos e não foi boa coisa de se olhar.

     Sarah me levou para a última mesa de pedra, um grupo de ticitl - curandeiros e feiticeiros, Rayh reconheceu pela roupa e símbolo do centro médico do Mexico - forravam e deixavam uma adaga de miniatura sobre a mesa. Ele se perguntou qual animal deveria sacrificar. Eles trouxeram um cordeiro amarrado em gordas, àquele pobre animalzinho iria morrer em suas mãos sem fazer parte de nada disso. Sarah entregou a adaga curvada e ajustou o cordeiro com a barriga para cima, ela aconselhou acertar o coração e dobrar para o peito. Ele colocou as duas mãos firma na adaga erguida na direção do cordeiro, o pobre animal lhe encarava como se estivesse pedindo misericórdia e não podia sair correndo pelas cordas prendendo seu corpo inteiro, o difícil é olhar apunhalando o animal então decidiu fechar os olhos com a ponta da lamina direto no coração. Ele contou: um, dois, três e pesou sua mão com adaga no cordeiro, não houve barulho algum, foi curiosamente estranho do animal não ter berrado enquanto morria na mesa de pedra. Rayh abriu os olhos em segundos e viu o animal morto se desmaterializando em névoas como um holograma, aquilo foi se formando pelos ares como se estivesse desenhando alguma coisa e estava: Um beija-flor surgindo das chamas vermelhas carregando uma lança nas costas.

     -Saldem Rayh Johnforman, filho de Huitzilopochtli, guerreira da legião Maia.

     Com suas palavras os Ticitl e guardas presentes se ajoelharam diante de Rayh, ele se sentiu envergonho-o no centro das atenções com todas aquelas reverências. O beija-flor se desintegrou até o peitoral de Rayh como se estivesse projetado magicamente. O brilho no tórax esquerdo formou um desenho do beija-flor segurando a lança assim como o holograma celestial, o nome de Huitzilopochtli - seu pai estava sob a tatuagem, em cima algo queimou formando cinco lança inclinada, mas elas pareciam apagadas e não dera para reparar os poucos detalhes.

     Rayh ouviu falar do deus Huitzilopochtli enquanto viajava para o acampamento, o líder da legião Zacc Frih também era filho do deus da tribo e por ser o líder parecia estar muito tempo nesse acampamento, comandando uma legião de semideuses Astecas.

     Sarah se levantou do chão sorridente, assentia com os curandeiros e guardas que se levantou em seguida, ele retirou a camisa mostrando a tatuagem feita no peitoral, achou um pouco anormal - pelo fato de um garoto de catorze anos tendo tatuagem em que seu pai fizera durante o ritual -, mas achou sinistro o detalhe reluzindo o contorno da pele.

     - Isso fica conosco para sempre? - Perguntou ele cutucando a tatuagem.

     - Somente no caso de arrancar a tira de seu couro onde está a marca. - Respondeu Sarah.

     Ele colocou a camisa novamente, com pressa.

     - E você? - Perguntou. - Qual seu pai ou sua mãe?

     Sarah mordeu os lábios como se aquela pergunta afetasse-a, respirou fundo e respondeu:

     - Eu não sou uma meio-sangue.

     Rayh franziu a sobrancelha.

     - Não? E se você não é semideusa, então o que você é? - Perguntou ele novamente, olhando ela dos pés a cabeça.

     Sarah ergueu as mangas da blusa mostrando uma tatuagem com semelhança a de Rayh, mas o dela não era um beija-flor, era um lobo com os dentes arregalados olhando para o não-sei-aonde, abaixo do braço estava escrito: Lycanthropy. Acima do desenho nada além de um arco cobrindo a tatuagem, passando pelo nome abaixo dele.

     Rayh arregalou os olhos sabendo o significado daquela tatuagem, recuou um passo com o olhar paralisado.

     - Não é preciso ter medo de mim - Falou Sarah tentando acalma-lo. - Sendo humana ou loba, eu consigo controlar as emoções. Os Lycanthropy não são parecidos como os filmes da tevê, alguns conseguem controlar seu extinto, mas aqueles que não têm controles são colocados no templo de Tanh.

     Ele assentiu com a cabeça tomando fôlego.

     Sarah sorriu reparando que Rayh já estava calmo e consciente, voltou a mesa de pedra pegando a adaga e colocando em sua bainha.

     - Certo, agora vamos conhecer o Solar Asteca...

     - O que é um Solar Asteca? - Perguntou Rayh, confuso.

     - São as habitações dos campistas para cada deuses, nelas são divididas seis Solar, pois os deuses da primeira geração não contém filhos semideuses.

     - E qual é a ordem do meu pai? - Perguntou ele novamente, saindo da Tula.

     Continuamos caminhando para a fronteira de Iztapam novamente, mas um pouco adiante que dera para ver um grande porto de navios cruzeiros no alto mar, era imenso, em poucos metros da água continha duas estátuas de mais ou menos cem metro parecia uma mulher que de vez em uma cabeça era duas cabeça de cobra implantada, tirando seus braços e partes íntimas, as duas cabeças de cobra da estátua estava de frente uma para outra, mas os olhos seguia Rayh como se aquela coisa estivesse viva. A outra estátua era uma cobra? Era maior que a da mulher cobra, nas costas se erguia duas asas como se estivesse pronto para entrar em voo, seu longo corpo fazia um S para as montanhas, estava de boca aberta olhando o acampamento de longe - Dayner reparou que a serpente estava pendida em uma coluna que dividia a mulher cobra.

     Mais para frente, havia seis Solar de pedra diferente das construções do acampamento, seus detalhes eram estátuas de deuses presas na paredes, símbolos Astecas na qual Rayh tinha capacidade de entender o que estava escrito, algumas janelas abertas - dera para ver grupo de jovens dentro dos Solar - o telhado era de cerâmica como as casas comuns do México. No topo dos Solares tinha uma placa de identificação para cada semideuses.

     Sarah andou para a segundo Solar, era de três andares - parecia um casarão. Na frente era um jardim com alguns acentos de madeira e plantações como: Cactos e ervas. Ao lado era a varanda, casa Solar tinha uma para os semideuses (e claro que não eram eles que lavavam). Eles entraram no Solar com a porta aberta, o lugar era movimentado, com jovens da idade de Rayh e um poucos maiores. Todos olharam para Rayh como se ele fosse um presente recém-chegado, alguns sorriam e outros acenavam, Rayh mais uma vez se sentiu um inútil naquele lugar cheio de semideuses.

     - Bom dia á todos! - Gritou Sarah com a voz autoritária. - Temos um novo membro para o Solar secundário. Seu nome é Rayh Johnforman e filho de Huitzilopochtli. - Ela colocou Rayh em sua frente enquanto apresentava-o, uns fazia sim com a cabeça e outros batia a mão no peito com reverência. - Assim como todos, ele será tratado com respeito, caso ao contrário serão levados a expedição dos sacerdotes.

     Ninguém falou nada, somente assentiram as palavras de Sarah, ela parecia uma líder dando-lhes ordens e isso me fez sentir como um garoto especial para ela. Depois da apresentação ela se virou até me com um sorriso hesitante, estava preparado com minhas mãos segurando as dela.

     - Daqui á uma hora os tambores vão tocarem - Anunciou Sarah. - Alertando para irmos ao comal não muito longe daqui...

     - Comal? - Perguntou Rayh.

     - É o refeitório do nosso acampamento, ele se chama comal. - Respondeu uma garota se aproximando. - Mas se tiver dificuldade em sua memória pode chama-lo de refeitório.

     - Rayh essa é Maya Nigh, filha do deus Tlaloc e guardiã do segundo Solar... - Apresentou Sarah. - Você ficará nas mãos dela enquanto eu estiver fora, dirá tudo o que queira saber.

     Maya fez que sim com a cabeça, confirmando as palavras de Sarah, ela era uma pessoa legal e dedicada. Sua feição encantava-o um pouco, mas não era tão bela quanto Sarah. Seus olhos castanhos claros eram calmos e aconselháveis, assim como sua pele pálida. Ela vestia uma roupa roxeada com símbolos Astecas, Rayh curvou-se para a bela garota que o observava com carisma.

     Ela puxou o braço de Rayh dentro do Solar. Sarah deu as costas para os dois conversando, Maya adorava o modo de olhar em seu rosto pálido e macio, ela o levou para o primeiro andar onde se encontrava os quartos.

     - Cada semideus tem seu quarto? - Perguntou Rayh, na esperança de que ela dissesse sim.

     - Não exatamente - Respondeu. - Cada quarto são para três pessoas. Infelizmente não se podem misturar homens com mulheres, então há dois corredores para cada sexo.

     Ela olhou para ele como se desejasse dormir essa noite inteira abraçada na cama, ele não tinha coragem de olhar diretamente nos olhos - sempre desviava para algo próximo de sua vista.

     Os dois andares até o fim do corredor, o último quarto com a porta aberta e parecia que alguém estava presente. Dois garotos que parecia uns poucos maiores que Rayh, eram louros e musculosos. Rayh entrou deixando Maya na porta esperando, depois ela de despediu, dizendo:

     - Até no comal Rayh.

     Ele acenou com a mão envergonhado.

     Os dois garotos estavam lendo revistas americanas, Rayh achou estranho por estarem no México e lerem uma revista inglesa, os dois garotos pararam de ler a revista. Rayh olhou roupas ao lado de sua cama perto da janela.

     - Novato? - Perguntou um garoto. - Prazer, meu nome é Jack.

     O outro sorriu, apresentando-se:

     - E o meu é Franci.

     Rayh reparou a mesma semelhança dos dois, eram gêmeos e isso significava que era do mesmo pai ou mãe.

     - Olá, me chamo Rayh, filho de... - Ele tentou lembrar-se do nome. - É complicado.

     - Entendo - Admitiu Jack. - Os deuses sempre são complicados.

     Rayn não teria muita dificuldade de saber quem é quem. Jack tinha uma pinta na testa e o outro não tinha e isso dava vantagem de saber sem muita dificuldade.

     - Vocês são filhos de quem? - Perguntou Rayh.

     - É complicado o nome já que falamos pouco espanhol, mas aprendemos a origem do país aqui no acampamento. - Respondeu Franci

     Franci levantou a camiseta do acampamento mostrando a tatuagem: Eram duas lanças traçadas com um raio rebatendo em cada uma, sob a imagem estava escrito, Tlaloc. Em cima havia um símbolo redondo do rosto linguado, isso podia significar que eles estão no acampamento faz um ano.

     - O que são aquelas duas estátua perto do porto? - Perguntou Rayh, curioso.

     Os dois irmãos sorriram como se fosse novidade.

     - São os principais deuses do acampamento. Coatlicue, mão dos deuses e Quetzalcoatl um dos mais adorados deuses...

     - E o deus benfeitor de todos nós. - Complementou Jack.

     Do lado de fora os tambores tocaram, no lado de fora dava para ver pela janela os Astecas se reunindo. Os irmãos gêmeos guardaram suas revistas e se levantaram juntos.

     - É melhor irmos antes que sobre nada. - Falou Franci com pressa.

     Jack assentiu parecendo um touro alado correndo até a saída da porta.

     Rayh seguiu os irmãos gêmeos que pareceu bastante satisfeito  pela sua presença.

     No lado de fora Sarah estava organizando os Astecas, ela separou cada Solar para que fossem em organização. Os semideuses do primeiro Solar olhavam para Rayh como ele fosse uma ameaça e isso fez chamar sua atenção. Depois Sarah deu partida para os Solares, cada líder liderou seus grupos levando ao comal.

     Os garotos ainda continuavam olhando para ele, Maya apareceu em seu lado pegando sua mão, com a presença dela ele apertou a mão em que segurava a de Maya. Sarah virou-se para ver Rayh no grupo, ele estava de mão dada com outra garota, isso fez ela se transtornar na caminhada. Ela se conteve, baixou a cabeça e continuou forte pela estrada, não podia desabar diante dos Astecas, isso faria de seu posto uma humilhação para os superiores.

( Continuação no próximo capítulo... )

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