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Sussurros

     Contar aos tios de Rayn sobre o ocorrido foi a pior coisa que já aconteceu, a professora Marta perdoava ninguém, sempre complementava algo exagerado, como: Beijou uma garota de surpresa, foi visto no beco por uma loira de oitenta anos e outros exageros.

     Meus tios sempre soube que havia mentiras nas palavras da professora, mas se aproveitavam para me colocar de castigo por semanas ou até meses, uma verdadeira barbaridade.

     - Como sempre, arrumando confusão na escola... - Reclamou tia Rita de braços cruzados.

     Tio Carlus não ligava muito para os problemas, algumas vezes dava conselhos na qual sempre arrumava confusão com os vizinhos e essa era sua diversão para que tia Rita me colocasse de castiga novamente.

     Tia Rita levou Rayn até o quarto no puxão de orelha, ele já estava acostumado com esse tipo de coisa, na maioria das vezes sua tia fazia pior e não era nada agradável seus toques de detenção, tirando a parte que tirava tudo o que ama, Rayn tinha desejo de sair daquela casa para sempre e algo aconselhava a fazer esse tipo de coisa. Venha meu campeão, se une a tripulação.

     Quando Rayh notou o turno em que estava o céu parecia bastante negro, isso significa que era noite e seus tios nesse momento estavam jantando. Fugir... Pensou Ryn no assunto, desde que tinha sete anos de idade sempre pensara em fugir de casa, levar surra e reclamação de sua família era a pior coisa que poderia acontecer para um garoto de catorze anos. Ele pensou pela segunda vez antes que desse as caras no mundo á fora.

     - Lamento pai, lamento mãe, mas eu tenho que fazer isso... - Rezou com as mãos em conjuntos.

     Ele começou a amarrar os lençóis de variedades, certificou se seria segura ficar pendurado em seu edredom novo em que tia Rita comprou um dia antes - isso foi um milagre - não muito longe da cidade e laçou no pé da cama com vários nó em cada lado. Ele tentou olhar para a janela da cozinha e só deu para ver a cabeça de tio Carlus conversando com a esposa, sorriam como porcos da índia, a tia Rita sempre batia em alguma coisa para chamar a atenção do marido em suas risadas agudas.

     -... Aquela mulher com nariz de pica-pau esteve hoje na empresa procurando o agente - Conversou tia Rita com seu marido. - Minha vontade foi de arrancar seus cabelos e vender no troca...

     O marido tempouco ligava o que dizia, mas ela sempre tocava no braço dele certificando se estava escutando suas palavras e ele assentia olhando para o prato vazio.

     Rayh desceu poucos metros pendurado nos edredons, um barulho de rasgo surgiu no último lençol, ele torceu para que aguentasse um pouco mais, mas infelizmente o pano se rasgou com o peso e jogou Rayh no jardim fazendo barulho em toda vizinhança por ter caída em um pacote de plástico frágil.

     - Droga, droga... - Murmurou Rayh se levantando do pacote, correndo até a saída do jardim.

     - Olhe querida ele está fugindo. - Avisou tio Carlus olhando pela janela da cozinha.

     Tia Rita saiu rapidamente da casa como um lobo faminto, sua boca ainda estava melada de ovos, quando ela falava pedaços caía salivando o gramado.

     - Rayh, volte aqui seu traste! - Gritou Rita tentando segui-lo na rua.

     Ele já estava um pouco longe de casa, dois quilômetros talvez, mas ainda dera para ver tia Rita correndo com um pedaço de barrote na mão gritando:

     - Fique onde está ou serei obrigada á fazer um calo em sua cabeça!

     A vila norte estava um pouco escura, a neblina tomara conta do local como nos filmes de terror e isso fazia Rayh ficar animado. Algo puxou seu braço até o beco do apartamento ao lado, um ser de capa preta usando luvas rasgada colocando as mãos em seus ombros. Ela usava um bota velha parecida com a da detenção da escola, também reparou que a pessoa era uma garota de pele morena e cabelo castanho, identificou no mesmo momento em que ela retirou o capuz do rosto.

     - Sarah? - Observou Rayh surpreso. - O que faz aqui?

     Ela levou a mão na boca dele silenciando-o, ele ficou um pouco indignado com o modo que Sarah o calou repressiva, ela apontou a uma criatura negra com asas de morcegos, a mesma criatura em que Rayh viu no lago de los patos, e dessa vez era mais alto e forte, nada comparado a outra criatura que surgiu da fonte.

     Ele jurou que havia somente uma daquela criatura, mas outra do mesmo físico da primeira surgiu dos ares voando ao encontro da outra com um pouso em cima do carro que rachou o teto do automóvel.

     - O que são eles? - Perguntou Rayh com os olhos arregalados.

     - São Strigoi - Respondeu Sarah. - Mais conhecidos como vampiros.

     - Vampiros? - Surpreendeu Rayh, tentando se esconder por trás da lata de lixo. - Mas vampiros só aparecem a noite?

     - Sim, só aparecem á noite, quando ver um desses aparece sendo dia você não está vendo ele fisicamente e sim uma aura que usam para atormentar as pessoas especiais.

     - Pessoas especiais? - Perguntou ele novamente. - Há muitos que também podem ver essas criaturas, além de nós dois?

     - Sim, muitos de nós que vive escondido desses monstros que nos perseguem desde dos tampos antigos.

     Rayn não entendeu exatamente o que ela quis dizer com os tempos antigos, mas isso soava que algo de errado estava imposto em sua vida, e sempre que uma energia negativa se aproxima uma voz em sua cabeça sempre alertava para correr daquele lugar.

     - Como assim muito de nós? - Ele se sentiu um idiota fazendo perguntas o tempo todo, mas viu que Sarah não ligava para esse tipo de coisa e respondia com sinceridade como uma marketing.

     - É difícil de explicar. - Admitiu Sarah meio deprimente ao tocar no assunto.

     - Ah qual é? Você me fala algo e depois não termina? - Ele tentou se conter com aquelas criaturas rodeando o carro, farejando o ar com as narinas quebradas? - Por favor.

     Ela respirou fundo com os olhos fechados e depois respondeu rapidamente:

     - Você é filho de um deus, um semideus.

     Rayh ficou paralisado em alguns minutos, teve vontade de entrar na gargalhada observando Sarah preocupada com suas palavras, mas reparou que ela estava séria e seu tom não parecia uma brincadeira para ser contado sobre um semideus fugindo de Strigoi bebedores de sangue - na qual aquela frase não soava não amigavelmente.

     - Isso é sério? - Perguntou tornando a voz falha, ladeando o rosto.

     Sarah assentiu com a cabeça.

     - Se eu sou filho de um deus, porque meus tios nunca me contaram? - Aquela pergunta não vazia muito sentido, no mesmo tempo em que perguntara pensou no assunto.

     - Eu acho que você já sabe a resposta. - Respondeu Sarah. - Isso é questão de tempo, até descobrir a verdadeira história dos seus pais.

     Os Strigoi farejou na direção do beco em que Rayh e Sarah estavam, os dois correram se escondendo atrás da lata de lixo, uma muralha dera vantagem para o esconderijo, os dois torceram outra vez para que aquelas criaturas desviassem o caminho.

     - E qual deus? - Perguntou ele sussurrando no ouvido de Sarah.

     Ela colocou seu dedo pontuador nos lábios de Rayh novamente fazendo se calar, ele se hesitou tocando na mão de Sarah que o fez se calar. Ela olhou para ele com um brilho intenso, sua respiração ficou um pouco pesada, dera para ouvir a batida de seu coração e ao longo tempo das criaturas farejando o ar, voaram fora do beco indo ao outro lado da avenida.

     Ainda trocavam olhares paralisados, Rayh foi o primeiro a encostar seus lábios nas de Sarah, eles se abraçaram com o beijo quente escondidos atrás da lata de lixo. Sarah se afastou rigorosa.

     - Me desculpa eu...

     - Desculpa eu pelo o que aconteceu, eu não quis ofender você...

     Rayh segurou seus ombros controlando o riso á toa, eles saíram do esconderijo depois que viu o local livre dos Strigoi, andou até a esquina passando pela loja de roupas modernas, a mulher da loja os fitou desconfiada.

     - Garotos! - Berrou a mulher na loja, fechando a cortina da vidraçaria.

     Sarah revirou os olhos ironicamente, se virou para a parada de ônibus e viu os Strigoi voando com extrema velocidade na direção deles. Rayh entrou em pânico no mesmo instante, Sarah pegou em seu braço novamente e correu o mais rápido possível.

     - Rápido antes que nos pegue! - Gritou Sarah procurando algo para se esconder.

     Não havia lugar para onde correr, nem mesmo para se esconder. Os pés de Rayh pareciam gelatinas, seu longo cabelo estava de pé - como se a pouco levasse um enorme choque.

     Eles ficaram parados entre uma muralha, não havia saída e os bebedores de sangue estavam bem á frente. Os Strigoi pousaram dez metros perto da loja de roupas modernas, eles andavam como playboys e era de se esperar que um deles competiam a corrida de quem chegaria até Rayh e Sarah primeiro. Nove, oito, sete metros e não tinha nenhuma ideia para despistar aqueles monstros, Sarah batia seu pé no chão como um cão procurando seu osso perdido, Rayh achou totalmente estranho seu comportamento.

     Cinco metro e ainda nada. Em alguns segundos Rayh jurou ter ouvido som de trombeta soando, Sarah simplesmente sorriu fazendo sim com a cabeça.

     - O que é esse barulho? - Perguntou Rayh escutando a origem do som.

     Um grupo de jovem apareceu por cima da muralha, Dayner achou que era mais Strigoi, mas reparou os jovens pulando na frente dele como atletas. Sarah sorriu com desdém, aqueles garotos usavam armaduras que parecia bronze, as armas eram espadas e lanças. O grupo se dividiu em dois para atacar cada monstro, foi a melhor coisa que Rayh viu em toda sua vida.

     - Quem são eles? - Perguntou Rayh observando a ação do grupo, impressionado com os movimentos rápido dos garotos e garotas que lutavam contra os monstros.

     Os dois Strigoi foram desintegrando com golpes que fazia a cabeça de Rayh revirar, poucos movimentos decorou em sua mente e somente os mais fácil que imaginou fazer durante a descoberta de que era filho de um deus.

     Um dos garotos se virou para Sarah respirando fundo, colocou sua espada na bainha com brutalidade, os outros fizeram sentido em reverência ao garoto que parecia ter mais ou menos catorze para quinze anos, alto e forte, cabelo negros como a escuridão da noite, sua expressão séria fazia Rayh se intimidar entre o grupo.

     - Perdoe-me pela demora, mas tivemos outros ataque dos Strigoi. - Falou o jovem de frente a Sarah, cumprimentando-a com um beijo na mão.

     - Sempre ocupado com as tarefas de Duym, nada para se desculpar. - Hesitou Sarah sorrindo para o grupo.

     O jovem olhou para Rayh logo em seguida, o olhar dele fazia lembrar da professora Marta: Um olhar de advertência, sempre pronto para enfrentar os problemas. Sarah colocou a mão no ombro de Rayh rapidamente mostrando-o a todos, ele estava pálido e soando frio, desejando correr mais uma vez com Sarah na esquina.

     - Bom, esse é Rayh Johnforman. - Apresentou ela á todos. - Ele é novo nos assuntos dos deuses Astecas, mas garanto que não trará problemas a nossa legião.

     O garoto ergueu a mão para cumpirmentar Rayh no imadiato, pareceu forçar o sorriso para os de boas-vindas, e Rayh pensou que talvez aquele sorriso perderia a moral que tinha entre a legião.

     - Prazer Rayh, meu nome é Zacc Frih filho de Huitzilopochtli, líder da legião do acampamento Asteca. - Zacc falou cada palavra na seguinte ordem, como se ele havia treinado durante anos.

     Rayh teve dificuldade de decorar o nome do deus, era enorme e muito difícil de se pronunciar, pensou no nome de seu pai - sendo a sua mãe totalmente mortal.

     Rayh balançou a cabeça cumprimentando.

     - Acho que deveríamos ir, explicaremos tudo sobre nosso acampamento e sobre os deuses a Rayh. - Suscitou Zacc virando-se para Sarah.

     Ela concordou com olhares.

     A legião deu a partida na esquina de frente a loja de roupas modernas, dez biga esperava na pista dos carros, Rayh tinha se perguntado se os humanos poderia ver aquelas bigas no meio da pista, mas os carros passava direto como se nada estivesse no caminho. Cinco pessoa a cada biga, Rayh e Sarah foram com Zacc sozinhos, a primeira biga a dar partida, não havia cavalos nem nada para empurrar o transporte, Zacc ricocheteou o cordão iniciando a partida, trombetas soaram e a legião gritou como guerreiros.

( Continuação no próximo capítulo... )

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