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Ligação

     O comal ficava poucos quilômetros dos Solares, uma caminhada breve com todos os Astecas reunidos, o primeiro Solar ainda encarava Rayh fazendo feições horripilantes, como sempre quis sair correndo daquele lugar.

     Uma estrutura rochosa estava vem á frente dos Astecas, era um local aberto com colunas rodeando o comal. As colunas eram decoradas com símbolos, sustentavam panelas de cerâmica - deviam ser as tochas, o fogo era na mesma temperatura e sua cor era verde com lilás, soltavam faíscas que caíam como fogos de artifícios. Na zona sul do acampamento estava a vista da montanha Iztaccíhuatl - a cidadela do acampamento Asteca.

     Durante a chegada do refeitório - comal - Rayh ficou encantado com o piso de mármore ilustrativo, a cada passo que dava algo se movimentava de um lado para o outro, as mesas também eram de pedra, cobertas pôr toalhas vermelho-transparente. Tinha uma mesa para cada Solar, todos se organizaram observando o diretor Duym na dos instrutores, Sarah estava bem ao seu lado acompanhando a organização - ajudava alguns Maia que tinham dificuldade de encontrar seu lugar, era provável de nota-lo na segunda mesa com Maya de mãos dadas. Ela desabou na cadeira perto de Duym, o deus colocou a mão em seu ombro talvez sabendo do que se tratava.

     Alguns minutos depois o diretor do acampamento se levanta chamando a atenção de todos que conversavam. Os Astecas pareceram bem atentos olhando para o deus, esperando alguma notícia ou recado do dia.

     Duym arregalou os braços divisórios.

     - Saudações meio-sangues. Tenho alguns avisos de última hora. - Ele não pareceu se esforçar o bastante, mas sua voz ecoou por todo comal. - O conselho me deu a liberdade de realizar o evento Tezcatlipoca, onde seus adversários são convocados para a seguinte tarefa... - Ele recolheu um pergaminho na mesa laçado, abriu e leu em voz alta. - Seis Astecas serão convocadas para uma disputa no campo Teotl até que os três grupos sejam mortos pelos adversários. Os três que sobrarem irá ter dois dias de treinamento e vão ser enviados novamente para o campo lutando entre si. O primeiro que ganhar o evento será coroado líder dos três astros, tendo direito no acampamento como garantia.

     Os Astecas murmuravam uns aos outros sobre o tal evento, Rayh ficou indignado com a ideia de mais morte nesse acampamento, e nada, além disso os campistas repetiu constantemente para seus grupos.

     - No entanto, espero que apreciem nosso encontro de hoje á noite. axquēniuhqui! - Concluiu Duym.

     Rayh quis entender bem o que aquela palavra significaria - Obrigado -, os Astecas comemoraram enquanto comiam, o segundo Solar estavam discutindo de quem seria escolhido e muitos deles afirmavam que iria ser escolhido. Ele se indignou com aquele assunto patético, como essas pessoas podem ser tão idiotas? Era essa a pergunta que fazia em sua mente e não tinha resposta para isso.

     Ele parou no tempo como as estátuas que vira no porto de barco, não aguentava mais ficar naquele lugar sem parar de ouvir a mesma coisa... Levantou-se do banco de pedra deixando a comida de lado, saindo correndo do comal até o Solar onde se abrigou.

     Sarah reparou Rayh indo embora com pressa, sentiu cheiro de problema pela feição que ele estava. O diretor Duym colocou o punho no queijo pensando no assunto, Sarah indagou um suspiro nervoso.

     - Ele não aceita os termos do acampamento, isso pode levar seu destino nas mãos do conselho...

     Duym ergueu a mão silenciando-a no imediato, depois colocou a mão no ombro rastejando os dedos nos longos cabelos castanhos.

     - Deixe-o que encontre seu próprio destino - Interrompeu o deus. - As respostas para seus problemas estão nas decisões que ele tomará daqui por diante, não há nada que possa fazer.

     Ela saiu da cadeira correndo na direção em que Rayh seguiu, Duym sentou no trono novamente acariciando as penas de seu antebraço.

     Rayh estava preparando uma bolsa com algumas roupas e acessórios necessários para que saísse desse acampamento... Horripilante? Ele não conseguia descrever o lugar, não conseguiu pensar em nada a não ser de sair o mais rápido possível daquele pesadelo.

     Sarah entrou no quarto com as mãos justas, andou até a cama dos gêmeos sentindo-se á vontade e sentou de um jeito envergonho-o. Rayh continuava arrumando sua bolsa para se ninguém estivesse observando-o.

     - Rayh eu...

     Ele parou no mesmo instante virando-se a Sarah.

     - O que? Ficar no acampamento e servir de escravo para que depois me matasse? - Interrompeu ele, incrédulo. - Eu não vou servir de idiota para um acampamento que só pensa em morte, aqui deveria ser um local de treinamento e não um campo de concentração.

     Ele voltou a fazer a bolsa sobrando algumas roupas.

     Sarah se levantou da cama com um olhar humilhante, sentiu vergonha de estar no quarto tentando convence-lo a ficar, desde o momento em que trouxera Rayh para o acampamento sabia no que daria desde o início e isso lhe comoveu bastante.

     - Entenda Rayh, você nunca sairá vivo longe do acampamento...

     Sim, verdade... Mas o que resta de sua vida era encarar a realidade, passar o tempo nas ruas e enfrentando aqueles monstros o dia inteiro, divertido não? Ele tinha que ir embora pelo simples fato de sua vida estar em risco, isso fez transtorno em sua cabeça. Ele quis achar uma solução, não queria ficar sozinho nas ruas sem proteção e tinha que fazer o possível para lutar pela sobrevivência e não sem companhia.

     - Vem comigo - Hesitou ele, colocando a bolsa nas costas. - Podemos ir juntos para onde o destino nos traçar, defendemos uns aos outros.

     Ela deixou uma lágrima cair em seu rosto, á ideia pareceu fantástica, mas não podia simplesmente deixar seu lá... Largar tudo e ir embora com alguém que não aceita as regras do acampamento, ela sentou novamente na cama de cabeça baixa.

     Ele respirou fundo sabendo de sua resposta.

     - Então que seja.

     Desceu as escadas do Solar deixando Sarah chorando no quarto. Os Astecas já estavam reunidos no lado de fora, Duym também estava presente segurando seu cajado com símbolos de beija-flor, Rayh deu sua última olhava no horizonte e iniciou sua partida para fora do acampamento. Os Astecas olhavam Rayh desconfiados, perguntavam uns aos outros, para onde ele está indo? Até mesmo os sacerdotes pararam suas atividades reparando Rayh partir e ficaram chocados com a cena.

     - Rayh - Chamou alguém ofegante atrás dele. - Espere!

     Ele continuou andando apressando os passos. Sarah apareceu em seu lado com uma mochila nas costas.

     - Não importa para onde vá, você nunca vai sobreviver...

     Ele quis protestar, mas ela interrompeu-o, continuando á dizer:

     - Por isso que precisará de minha companhia, irmos juntos onde nada pode nos separar...

     Ele não tinha palavras para argumentar aquele momento, sorriu com satisfação abraçando Sarah pelo pescoço. Os outros viram os dois indos até a saída do acampamento e não pareciam felizes com suas decisões.

     - Onde eles estão indo? - Perguntou um Asteca.

     - Vão morrer se passar da fronteira. - Disse o outro.

     - Não - Respondeu Duym. - É o destino que está unindo os dois nessa jornada.

     Rayn e Sarah passaram da fronteira aparecendo na caverna da floresta, estavam preparados para uma nova jornada, algo que ele planejou desde o momento em que fez sua bolsa, a aura cobriu seus corpos levando os dois fora do portal. Algo atrás deles os observava enquanto caminhava de mão dada pela pista da avenida norte, seguindo para o horizonte bem á frente.

( Continuação no próximo capítulo... )

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