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Transformação

     Essa não era as das melhores tardes de Rayn, mas também não seria a pior de todas. Os ônibus pareciam estar contra sua presença, não paravam, simplesmente acelerava como se os dois fossem monstros. Hoje é lua cheia, e pelo o que Sarah contou a ele não é o melhor dia para se acampar com um lycan.

     Era três da tarde, eles começaram a ficar preocupados com o tempo, a lua pairava no alto tão cedo, mas o sol pareceu ainda quente sobre suas cabeças.

     Eles atravessaram a ponte perto dos apartamentos na estação central.

     - Para onde vamos? - Perguntou Rayh.

     Sarah retirou o mapa da mochila com cuidado, abriu-a pelos laços e falou:

     - Monte de Tepeyac.

     Rayn não entendeu porque um pedaço de calendário Asteca estaria nesse lugar. O monte de Tepeyac é uma grande residência no Novo méxico há mais de quilômetro do acampamento. Não sabiam onde se encontrava o pedaço, mas concluiram que ia ter dificuldade para acha-la.

     - E como vamos encontrar num lugar tão imenso? - Perguntou ele, novamente.

     Sarah pensou mais um pouquinho, mordeu os lábios ficando meia pálida.

     - Basílica de Guadalupe - Respondeu. - Segundo nosso diretor, os vestígios dos tempos antigos foram mandados para cada manumentos histórico do México, pode ser o único lugar para se encontrar o pedaço do Calendário.

     Só de ficar sabendo aquilo Rayh ficou com azia, estava perdido nesses assuntos desde que chegou naquele lugar - que só pensava em morte. Eles não estavam muito longe da basílica, mas era preciso uma carona até o local pela distância. Sarah puxou Rayh pelo braços até o ponto de táxi.

     Eles tinham alguns dinheiro mortal, na quantia a mais do que dava para pagar um taxi. O acesso com o motorista pareceu completamente normal, embora Sarah olhava-o discretamente, como se ele fosse os Strigoi que vimos anteriormente.

     O táxi os deixou de frente a praça da basílica, um lugar movimentado, dentro parecia estar tendo um culto de nossa senhora... Dava para escutar o padre cantando no lado de fora, e acredite, era horrivelmente desagradável.

     - Argh - Resmungou Sarah olhando a praça movimentada.

     - Impossível encontrar algo no meio dessa multidão. - Reclamou Rayh, impaciente.

     Ele pensou no assunto dos deuses de acordo com a tradição religiosa, todas aquelas pessoas adorando uma imagem na qual nunca viu a mulher na vida, olhando os quadros pintados por grandes artistas onde ganha dinheiro com adoração das pessoas presente na basílica. Rayh cutucou a orelha atenta ao sinal, ele quis destruir a enorme estátua de nossa senhora de Guadalupe - uma estátua de dois metro de altura, com pinturas vivas que parecia 3d, vermelho e azul.

     Sarah se aproximou mais um pouco da estátua, percebeu algo brilhando no pescoço da Guadalupe um tom vermelho, combinava com seu vestido avermelhado. Ela apontou até o pescoço da estátua gritando:

     - Lá!

     Rayh seguiu a direção de seu dedo até a estátua, em seus olhos brilhava o colar de Guadalupe, percebeu o pedaço do calendário no pescoço dela, não parecia grande e nem pesado, mas outro problema á enfrentar.

     - Não podemos simplesmente pegar no pescoço da estátua, as pessoas veriam.

     Sarah concordou, pensativa.

     A estátua de Guadalupe estava sendo levada por uns homens de uniforme do exército mexicano, enquanto alguns coroinhas na frente segurando cruzes e incenso turibulo.

     Sarah se virou para Rayn, com um sorriso malicioso.

     - Tenho uma ideia - Disse. - Mas vamos ter que nos esconder dentro da basílica.

     Não foi difícil de entrar na basílica sem ser notado, embora as crianças avisavam para suas mães que dois vêndalos entraram dentro do vestuário sagrado. Os dois ficaram por trás dos mantos do último corredor, as roupas cheiravam a fumaça e não era tão agradável do que o turibulo.

 

     Passaram horas e a missa acabara em poucos minutos depois. Eles saíram do vestuário cheirando a roupa molhada, pareciam usar maquiagem de padre rústico em todo o corpo, até mesmo em suas vestes. O templo estava aceso - mais uma vantagem para recuperar o pedaço do calendário. Havia um zelador polindo as cadeiras de madeira, usando um regador? Eles não entenderam porque usava esse tipo de acessório, mas passou os olhos diretos ao templo.

     A estátua da nossa senhora de Guadalupe estava numa clina de colunas, cheia de flores e bilhetes decorativos. O calendário ainda estava preso no pescoço dela, dessa vez mais obscura e sem vida. Sarah recuou retirando alguma coisa na mochila.

     - O que você está fazendo? - Perguntou Rayn.

     Ela pegou um tipo de canudo plastificado, entalhou dois dardos na boca e direcionou ao zelador.

     - Você irá mata-lo?

     Ela disparou um dardo no pescoço do zelador - ela devia ser boa, pois qualquer um erraria até com arma de fogo -, não deu tempo nem de ele gritar, caiu no chão duro como pedra, mergulhando nos bancos da igreja.

     - Ai minha nossa...

     - Ele não está morto, é só dardos dormentes. Vamos logo.

     Eles correram até a estátua no templo. Subiram a pequena escadaria onde os padres costumam ficar e pegaram o objeto no pescoço da estátua. Foi moleza. Eles olharam para o pedaço do calendário e nada aconteceu.

     Rayn franziu o rosto.

     - É falso? - Perguntou ele.

     De repente o objeto começou a brilhar, era uma coloração avermelhada com lilás, parecia sangue escorrendo nas laterais. Sarah achou fascinante aquele tipo de efeito. O sangue começou a pingar no chão formando um círculo entre os dois, o ar ficou pesado - como se algo puxasse para dentro daquele maldito objeto. Rayh tentou se segurar nos pilares da nossa senhora de Guadalupe, mas sua mão escorregava sem a própria permissão.

     - Aaaah!

     E foram sugados para dentro do calendário, como lampejos se explodindo pelos lados, algo puxou para baixo de uma só vez. As roupas que usavam estavam totalmente rasgadas, sem a exceção das partes íntimas.

     Quando Rayn olhou á sua volta, já não estava na basílica. Foram transportados para um floresta fechada, porém elegante. As árvores eram perfeitamente belas, como se alguém as cuidado bem demais para preservar a natureza. Um enorme trilho levava para o além, pelos cantos continha lampiões acesso com fogo baixo. Alguém realmente mora neste lugar.

     - Onde estamos? - Perguntou Rayh, nervoso.

     Sarah pareceu espantada com a pergunta, deu uma volta olhando seu contorno um pouco trêmula. Seus olhos arregalados fazia Dayner ficar nervoso cada vez mais.

     - Lembra o que Yacatecutli falou no restaurante? - Perguntou Sarah.

     Rayn fez que não com a cabeça.

     - Nossa, você é realmente impossível. - Continuou ela. - Que cada pedaço do calendário nos transportaria á cada Sol?

     Rayn caçou a cabeça tentando lembrar. Até que finalmente hesitou movimentando a cabeça.

     - Bem, acho que não... - Respondeu ele, desanimado.

     Sarah revirou os olhos. Retirando o mapa da mochila, novamente.

     - É isso que aconteceu seu bobo - Falou ela dando um tapinha na testa de Rayn. - Cada pedaço do calendário irá nos transportar para os cinco sóis. Se essa é a primeira pedra que encontramos, então esse deve ser o primeiro mundo.

     - Certo, mas tem algum significado?

     Sarah andou de um lado para o outro com o mapa na mão. Parou de frente a Rayn ainda mais espantada.

     - Se é o que estou pensando, nunca sairemos desse lugar...

     - O quê? - Gritou Rayn. - Como assim?

     Um barulho surgiu próximo de onde estavam. Em alguns quilômetros se ouvia árvores caindo, as aves do céu se espalhavam fugindo de alguma coisa, o chão tremia por dois minutos, como passos rígidos ou de algum gigante. Rayn olhou para cima as árvores, uma criatura escamosa com mais ou menos quarenta metro de altura, não tinha cabelo... Seus olhos eram verdes puros. Vestia uma túnica atravessada nos ombros - como as dos homens das cavernas. Era extremamente musculoso e em seu braço havia uma tatuagem de uma jaguar de boquiaberta, pronto para devorar sua presa.

     - Sarah... - Chamou Rayn, paralisado.

     - Não se mexa. - Ordenou Sarah em sussurros.

     O gigante levou os olhos para os dois lados e nada. Rayn ficou apavorado, recuou sua perna esquerda - fazendo os galhos no chão se partirem. O gigante olhou para os dois com estranhes, bateu o pé no chão de raiva gritando bem alto, mostrando aqueles dentes amarelos cheios de carne.

     - Corre! - Gritou Sarah, sendo a primeira á correr.

     A criatura os seguia estrondando as árvores. Jogava enormes rochas em suas direções, Tinham que fazer o possível para despistar o gigante.

     Sarah puxou o braço de Rayn para esquerda, se esconderam por trás das árvores. A criatura também parou no meio do caminho fungando o ar.

     - Meio-sangues! - Falou o gigante. Sua voz era grave, que nem nos filmes de terrores.

     O gigante deu a volta pelo campo farejando as árvores. Rayn e Sarah rodeavam as árvores impedindo que o grandalhão os vissem, no qual foi quase impossível.

     - Apareçam!

     Rayn saltou por trás das árvores se revelando á criatura, chamando sua atenção.

     - Estou aqui!

     Sarah indignou-se.

     - O que ele está fazendo?

     O gigante começou a correr na direção de Rayn, enquanto o garoto seguia pelo trilho tentando se librar dele. Rayn ziguezaqueava nos lampiões, que eram derrubados pelos murros do gigante.

     Ele parou entre uma baía de nuvens - não havia água, eram ondas esfumaçada correndo pelo o horizonte. O gigante parou de frente a Rayn rosnando.

     - Calma ai, não podemos simplesmente conversar? - Disse Rayn, recuando-se até a ponta da baía.

     - Cuidado semideus, você pode cair. - Falou o gigante.

     Rayn olhou para as ondas de fumaças, não foi agradável. Ele viu algo sair da floresta, entrando na baía. O gigante se virou para ver quem estava por trás. Um lobo? Tinha mais ou menos dois metros de altura e era preto e branco. O lobo olhou bem nos olhos de Rayn com áspera. Rayn reconheceu no imediato quem era o lobo.

     - Um lycanthrope? - Hesitou o gigante. - Que maravilha. Assim meu ensopado de carne estará completo!

     O lobo (que era supostamente Sarah) avançou em direção ao gigante, pulando em cima dos seus braços. Rayn agarrou a oportunidade de se afastar na ponta da baía. O gigante se transtornou ordenando que Sarah parasse de arranhar seu rosto, mas o lobo parecia satisfeito com as marcas feita naquela cara nojenta.

     - Pare, pare. Aaaaaaaaah! - O gigante foi empurrado para as ondas de fumaça.

     O lobo pulou rapidamente á superfície, tornando a ser Sarah novamente, com as mesmas roupas que usara sem nenhum rasgo.

     - Como você fez isso? - Perguntou Rayn de boquiaberta.

     Ela sorriu passando a mão na roupa, estava com alguns pelos espalhados.

     - Prática e treinamento - Respondeu. - Alguns anos de transformação e pegamos o jeito.

     Aquilo realmente foi algo digno, algo que Rayn desejou desde que olhou para o lobo branco e preto, era super-demais ter esse tipo de habilidade. Mas ainda não entendera uma coisa...

     - Rayn, o que pensava que ia acontecer na floresta?? - Perguntou Sarah trincando os dentes. - Que o gigante ia polpa sua vida e sairia correndo gritando que nem uma garotinha?

     Ele não prestara atenção no que Sarah estava dizendo, olhava para a floresta paralisado.

     - Está me ouvindo?

     Ele direcionou seu dedo pontuador na floresta. Sarah se virou um pouco irônica, até reparar uma patrulha de gigante olhando para eles. Seu sorriso fuzilou, tornando a respiração dificultosa. Eles tentaram correr para o lado, mas apareceu mais gigante, foi para o outro e nada. Estavam cercados e sem um plano ideal contra aqueles grandalhões. Estávamos encurralados, pensou Rayn. Ele chamou a espada em pensamentos naquele momento de perigo, mas a espada não atendeu seu pedido. Os gigantes jogaram uma enorme rede de pesca contra os dois jovens, acharam o tamanho da rede um pouco exagerado, mas era impossível de se livrar daquele monte de nalho.

     - Forasteiros, quem são vocês? - Perguntou um gigante, se aproximando.

     Sarah cuspiu no chão com força, respondendo brutalmente:

     - Não interessa a vocês, seus gigantes de meia tigela. Agora solte-nos ou eu arrancarei seus olhos!

     O gigante gargalhou junto com os outros. Pegou a rede com Rayn e Sarah presos numa sacola de nalho, levando perto de sua patrulha.

     - Meu nome é Malvado - Apresentou-se o gigante. - E essa é minha patrulha de primeiro mundo. Vocês chegaram na hora exata. A hora do jantar!

     A patrulha gritaram em comemoração.

     - Espero que estejam com fome, meio-sangue... - Continuou Malvado. - Pois minha patrulha está faminta e faz anos que não comemos algo saboroso. Talvez possa se juntar a nossa mesa. Quero dizer, em cima da mesa.

     A patrulha gargalhou cheio de ânimo.

     - Vamos patrulha - Gritou Malvado para os gigantes, fazendo-os entrarem pela floresta. - Pois o jantar está bem servido.

( Continuação no próximo capítulo... )

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